Observando o que vem acontecendo em nosso país, fiquei bastante pensativa... a impressão que tenho é que estamos vivendo um
Lá
vem os bonecos graúdos se fazendo de marionetes para manipular opinião e atitude;
fingem-se escolhidos, mas no fundo a si mesmo se escolheram...
Eles
estão todos com suas máscaras e seus trajes a rigor, as gravatas lhes apertam o
colarinho branco, no entanto quem está com a corda no pescoço somos nós, a quem
oprimem. Haja spray na nossa cara no maior desperdício, serpentinas são arremessadas
a fim de que sejamos laçados e entrelaçados nesse emaranhado todo; os confetes apenas
disfarçam a verdadeira festa que rola nos bastidores desse grande carnaval.
A
nudez vem em forma de fome e de sede (principalmente de justiça); já não somos considerados
maltrapilhos, pois nem trapos temos e dançamos conforme a música: “As águas vão
rolar...” e tem rolado pela falta de saneamento e de respeito, o jeito é pegar
as sombrinhas porque o frevo vai começar, a enxurrada já inundou a cidade e
seguimos a cantar “Rema, rema, rema remador ô ô, pega bem no remo, por favor!”.
Cada
mascarado tem seu bloco e vem cantando: “Mamãe eu quero, mamãe eu quero...”. Numa
luta constante se enfrentam para ver quem mama mais. São os “Unidos do ódio”, “A
cadê micos de circo”, “Bloconvencidos”, “Corr up são” e assim vão nesse arrastão levando a multidão de brincantes
que nem sabe ao certo se quer brincar, mas segue às cegas feito mamulengos.
Temos
os que preferem subir no trio elétrico alimentado por grandes geradores
emitindo um som estridente e frenético. Eles ficam cercados por seus
guarda-corpos e alimentam seu ego com os aplausos e a aclamação daquele povaréu
pagante de uma pequena fortuna para desfilar seus abadás coloridos e engordar suas
contas na Suíça.
Há
quem monte uma verdadeira escola de samba. São muitos carros alegóricos a
sacudir a avenida e tomá-la por completo sem espaço para outras alas passarem;
o enredo é sempre o mesmo e o samba está para furar o disco num “Daqui não saio
daqui ninguém me tira” de dar dó, mas a cada ano, o luxo aumenta e as inovações
são de encher os olhos de qualquer um. Pura fantasia que se acaba tão logo chegue a
quarta-feira de cinzas.
É
assim o ano inteiro: eles dão um baile em todos nós regado a vinho e a champanha
ao som da famosa marchinha “Me dá um dinheiro aí”. E nessa festança, arlequim arrebatou
colombina que a ele se apega sem perceber que quem a ama de verdade é o pierrô.
A
festividade termina mesmo num ENTRUDO nas redes sociais numa autêntica batalha
de ovos, farinha e muito tinta, pois há muito perdeu seu verdadeiro sentido e
seu bom aroma original.
Seja
como for, o que todos esses grandalhões querem realmente é nos vestir de
palhaços para festejarmos como se a vida fosse esse equinócio de emoções num eterno carnaval.